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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Avaria

Até onde a idiotice humana pode chegar?
Fico pensando em tudo que fiz, que disse, planejei e arquitetei; das inúmeras vezes que lhe disse ‘Eu Te Amo’ e das milhares de vezes que você provou me amar. Agora todos os sonhos desapareceram porque a minha idiotice foi maior do que tudo que vivemos.
Não consegui lhe explicar o porquê lhe magoei todas aquelas vezes, com palavras ríspidas e atitudes impróprias de um homem apaixonado.
Você tem toda razão de não querer mais continuar caminhando ao meu lado, porque sei que lhe machuquei profundamente e que nesse instante deve estar tudo à mostra para o mundo, bem visível em cada lágrima e gota de sangue derramado.
Fui egoísta e insensível o bastante para derrubar o castelo que julguei ser sólido.

Perdi a mulher da minha vida por julgar seus sentimentos e tocar em suas feridas de forma brutal, fazendo-a sofrer, o que jamais desejei.
Condenei inúmeros atos e acabei cometendo os piores. Que amor é esse? Que homem apaixonado mostrei ser?
Deveria ter acordado quando você me perdoou por mais de duas vezes, mas o meu 'ódio' falou mais alto e sem pensar.

Matei a pessoa que eu mais amo no mundo e o que restou foram apenas seu cheiro, seu doce perfume, seu sorriso, seu carisma e seu eterno amor por alguém que não o merecia.
Agora sozinho nessa sala vejo o quanto palavras e atitudes mal pensadas podem destruir uma, ou melhor, duas vidas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Carta de um combatente à sua amada

13 de Fevereiro de 1968.

Querida Marrie,
Escrevo esta carta em uma noite fria, perto da fronteira de Hanói. Ouço apenas os insetos, porque as trincheiras, nesse instante estão em paz.
Ontem perdemos mais quatro companheiros.
Brian tinha apenas dezenove anos e sonhava em ganhar uma medalha de guerra. Garoto esperto, mas que, infelizmente perdeu a vida em uma emboscada. E com ele, mais três se foram.
Fico imaginando os rostos das mães ou mulheres destes homens que não mais voltariam para casa. O que restará deles é apenas uma medalha de honra, enquadrada em uma moldura, dependurada na parede da sala.

Oh, minha querida Marie, não queria relatar fatos tão dolentes, porque não quero que você imagine uma medalha desta enfeitando a casa.
Quero voltar logo para nosso lar e ver Diane nascer. Quero estar ao seu lado quando ela der o primeiro berro. Peço a Deus todos os dias que não me prive desses eventos.
Nas poucas horas de descanso, fico lembrando do seu sorriso, da sua face quando acorda, da sua pele. Fico imaginando como estará sua barriga nesse quarto mês de gravidez. Fico me perguntando se estás se alimentando bem e se não estás fazendo muito esforço.

A Guerra está me transformando. Convivo com o medo e a habilidade de matar, isso acaba tornando-se instintivo. No começo eu sentia remorso, mas agora não, e tenho medo desse ‘estado’ que a Guerra impõe.
Mas, mesmo que apertar o gatilho ou lançar uma granada tornara-se mecânico eu ainda sou o mesmo homem que ama. Ama a mulher mais bela e sensível existente nesse mundo injusto.

Quero que este combate acabe logo. Que conquistemos logo essas terras e assim, eu e os outros soldados voltem para seus lares.
Não quero acabar como o Brian, Jhon, Michael, Steven, Fosten, Dickson e muitos outros. Amo minha pátria, amo você, espero voltar para seus braços com o orgulho de mais uma conquista de todos esses guerreiros patriotas.


De seu eterno amado, Taylor.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Perdas e Ganhos

- Vou querer ficar com a geladeira!
- Tudo bem, pode levar o que você quiser, apesar de eu ter pago quase tudo.
- Ah não venha com esse papo, porque eu paguei a metade de tudo que tem aqui.
- Bom, você começou a pagar a metade de tudo. No terceiro mês eu já estava me sacrificando para quitar as prestações.
- Ah, eu sabia que tacaria isso na minha cara, mais cedo ou mais tarde. Isso me humilha vai, por eu ter ficado desempregado por um tempo.
- Não estou jogando nada em seu ROSTO, e muito menos falando do seu longo tempo desempregado, e nem de quando você arrumou outro trabalho e mesmo assim continuou sem me ajudar nas contas.
- Então fica com tudo que está nesse apartamento.
- Tudo bem, é de total direito meu.
- Quer saber vou-me embora agora e jamais voltarei, e você ficará aqui olhando pra todos esses móveis e eletrodomésticos e com certeza derramará lágrimas e mais lágrimas por ter me perdido.
- Hum, faça-me um último favor?
- Diga!
- Deixe as chaves das portas em cima da mesa antes de sair, vou tomar um belo banho. Ah, e boa sorte na sua nova vida.
- Tudo bem, eu vou mesmo, porque não preciso de você, e tenho certeza que logo ligará para que eu volte.
- ........
- Adeus viu???

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- Alô?
- Sandra???
- Diga Valesca, saudades de você.
- Ah eu também estou com muitas saudades.
- Então que tal você vir me visitar sua cachorra.
- Ah você sabe que eu e o Carlos não nos topamos né?
- Não se preocupe mais com isso Valesca, ele foi embora semana passada.
- Não!!! Mentira!!!
- Seríssimo, pode vir as 21 horas que estarei aqui. Mas olha, traga umas cervejas, tenho algumas na geladeira.
- Nossa, mas ele tinha uma paixão por aquela geladeira, não vá me dizer que ele a deixou aí.
- Amiga ele não tirou nem um tapete daqui de dentro.
- Uhul!! Então me aguarde, às 21 horas estou aí. Tchau.

E minha mãe ainda dizia que os homens comandam uma casa.
É mãe, a senhora sempre esteve errada.