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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Entre livros e pinturas

Preciso de mais cigarros e um isqueiro novo.
Sinto meu corpo cansado, mas estou a mais ou menos 150 km de chão rodados sem ao menos uma parada, apenas com algumas reduzidas no velocímetro nas curvas mais perigosas.
Enquanto procuro algum posto para abastecer o carro e a mim começo a lembrar de um passado que ficou bem longe das três décadas já completadas em aniversários diversificados.
Escrevo decentemente desde os 10 anos de idade, mas o primeiro passo concreto no mundo das palavras aconteceu quando estava no colegial, com exatos 15 anos de idade. Em um concurso promovido pelas professoras de literatura da escola, onde escolheriam os melhores poemas que fariam parte de um livro que seria lançado com a ajuda de uma editora da cidade. Meus poemas foram os mais votados, e quatro deles compuseram o "Visão Adolescente da Poesia". Aquilo foi o primeiro passo, e com o incentivo da minha professora de redação que sempre lia minhas dissertações ou narrativas na frente da classe, lancei meu primeiro livro de contos aos 17 anos. Aos 18 lancei um romance que para minha surpresa transformou-se num best-seller. Não podia acreditar naquilo, eu tinha apenas 18 anos e tinha um best-seller com direito a noite de autógrafos. Adentrei em um mundo repleto de flashes, entrevistas, curiosidades, um certo glamour e muitas expectativas.
Com 20 anos tinha 3 best-sellers. Isso é o sonho de qualquer escritora (o). Ter seu talento reconhecido tão prematuramente. Poder sobreviver apenas com as palavras, que levavam os leitores a imaginar cenas medievais, ou romances em campos floridos, mortes por disputas de terras ou o dia-a-dia de uma cidade grande.
Aos 20 anos eu tinha uma excelente bagagem. E todo esse crescimento continuou por mais dez anos. E agora estou com 30 anos de idade. Tenho 5 best-sellers, uma linda casa na praia, tive relacionamentos com celebridades masculinas, mas nenhuma perdurou, dinheiro, festas, e muitas coisas que o dinheiro compra.
Estou nesse Mustang viajando sem destino, como se eu estive deixando a minha imaginação fluir, como quando sento em frente ao computador para escrever uma nova história.
Mas agora não é uma ficção, estou sozinha andando a mais de 100 km/h, procurando aquela adolescente de 15 anos, cheia de sonhos, desejos clássicos de qualquer garota dessa idade.
É, a juventude passa depressa demais e com ela ficam os discos, as leituras, os sonhos, os mistérios e muitas inspirações.
Avisto um posto com uma aparência típica de filme de terror hollywoodiano. Compro cigarros, o bendito isqueiro e alguns salgadinhos lotados de conservantes acompanhados de algumas cervejas. De volta ao carro fico admirando a rodovia que parece não ter curvas por vários e vários km, somente um retão como na rota 66. Fico observando a paisagem e pensando por que não fiz da minha vida o que sempre quis. Tenho status, dinheiro, mas estou em um caminho que não me pertence. Quando terminei o colegial, por causa de todo o sucesso com as palavras fui fazer faculdade de letras, mas não era o que eu planejava, mas a pressão era imensa, mas graças os muitos compromissos tive que trancar para nunca mais retornar. Então continuei a escrever para satisfazer uma grande 'trupê' de fãs. Enquanto isso fui me enterrando, deixando meus sonhos de lado.
Coloco a cabeça pra fora e solto um grito - LIBERDADE -, um momento de libertação.
Enquanto dirijo vou formulando meu último livro, será uma despedida do mundo que não criei para mim. Vou começar do zero, posso me estrepar, cair, mas vou atrás de meus verdadeiros sonhos. Então, quando terminar meu último livro irei aprender a tocar piano e entrarei para a faculdade de artes plásticas. Meus lindos quadros não merecem somente as paredes de minha casa, como meus livros eles também merecem o mundo.

**Em matéria da Revista Portal da Cultura o novo livro da renomada escritora Rachel Roys - "O Caminho traçado no fim" - lançado no começo dessa semana superou as vendagens de seu último livro.**

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Diversidade de Sentimentos

Acreditei nas suas mentiras por anos. Você sempre dizendo que iria mudar que tudo seria diferente.
Agora não adianta mais me enganar. Não adianta esconder as suas amantes, os perfumes alheios, inventar reuniões ou viagens.
Fazia de conta que acreditava em cada palavra sua, em cada buquê de flores acompanhado de um pedido de desculpas; jantares, motéis luxuosos, presentes caros. Isso não compra mais minha dignidade e nem encobre as marcas que você sempre deixou em mim.
Augusto, como pude lhe amar tanto, por todos estes anos? E você nunca levou isso em consideração. Sempre mentindo, me traindo. E quando eu descobria você vinha com promessas. E eu com meu amor acreditava num amanhã melhor, mas isso tinha que ter um fim.
Lembra quando fomos comprar ‘nosso’ apartamento? Você disse que a reforma ficaria pronta em 2 meses, mas na verdade, tudo demorou 5 meses. Você sempre inventando alguma desculpa. Hoje sei de toda a verdade, o apartamento ficou pronto no tempo estabelecido, mas você mentiu pra mim, como sempre Augusto. As suas vagabundas que aproveitaram o conforto daquilo que chamei de meu um dia. Nossa como chorei quando soube que até a Vanessa, minha melhor amiga, dormiu antes de mim na cama que eu escolhi para ser nossa.
Augusto, eu te amei tanto, doei minha vida para ti e o que você me deu em troca?
Desgostos, decepções, sonhos frustrados, noites lhe esperando enquanto você transava com alguma vagabunda. Como você teve coragem de fazer isso?
A cada nova descoberta eu matava um pouco do sentimento mais puro que existe neste mundo. Sufocava meus gritos de raiva, matava mentalmente cada mulher que você tocava. Fingi por anos não ver as suas traições, agüentei a sua grosseria e seu machismo.
Hoje olho todo esse passado com bastante pesar, o tempo que gastei amando alguém que não merecia nem uma lágrima minha. Anos de sofrimentos que pensei serem de felicidade, até o dia que lhe vi, com meus olhos, você com a sua bela secretária aos beijos no restaurante em que você me pediu em casamento.
Meus olhos foram à prova de todos os relatos de alerta daqueles que queriam o meu bem. Não tinha mais como você mentir, dizendo que era inveja das pessoas, porque formávamos um lindo casal. Augusto, eu vi, eu presenciei aquela cena chocante. E quando você chegou mais tarde teve a coragem de dizer que eu estava ficando louca e que por isso, iria me abandonar logo.
Juro que me desesperei ao ponto de lhe implorar para não cometer tal ato. Não sei por que fiz aquilo, talvez porque eu não soube lidar com uma situação tão real, e mais uma vez você saiu por cima da situação.
O meu mundo tornou-se conturbado, vazio. Comecei a lhe olhar de uma forma diferente. Talvez fosse o ódio consumindo aos poucos o amor que sentia por você. E é graças a ele que estou escrevendo essas palavras com diferentes significados, uma mistura de sentimentos e momentos.
Tentei fazer com que você enxergasse que meu amor era muito superior a qualquer noite com uma vagabunda, mas provei que estava errada quando deparei com você e uma qualquer na nossa cama.
Augusto posso ser uma perdedora, uma sonhadora, uma pessoa sem status, mas sou dotada de sentimentos. O maior deles eu lhe entreguei e você brincou com ele, então fui obrigada a lhe mostrar o pior deles. Foi o meu ódio que me deu forças para apertar aquele gatilho, sem pensar nas conseqüências de tal ato. Mas ver o terror nos teus olhos foi o melhor presente que você pôde me dar em todos esses anos. Escutar o seu último suspiro, foi como ouvir a sua última desculpa.
Sinto-me aliviada, queria que você pudesse ouvir minhas gargalhadas agora, isso se chama felicidade. Serei feliz trancafiada nessa cela, mas saiba que serei realmente feliz, porque isso aqui, não é pior que o inferno que vive com você por 5 anos.
Oh, Augusto, uma pena não poder discursar tudo isso em seu enterro, mas não se preocupe, essas palavras sairão daqui diretamente para serem enterradas com teu corpo. E se a vida após a morte realmente existir, espero que você sinta cada pesar em cada linha, em cada lágrima.
Descanse em paz, se é que você algum dia conheceu isso.

Ana Cláudia Francis

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Deitada no Passado

Espaços vazios.
Foram o que sobraram de dias no 'paraíso'.
A última esperança morreu no último dia do mês infernal. No lugar ficou apenas um imenso vazio.
Escuto o ecoar de minha voz. Eis então, mais uma vez, a solidão a chorar.
Com a estupidez esmagando meu corção, deito na imensidão negra. Despida de minha inocência e de minhas asas, deixo as lágrimas passearem por minha face até morrerem no chão frio.
Sinto meu coração bater de forma descompassada, doendo em cada pulsar.
Minha mente entona algumas canções, relembrando momentos que agora são parte de um passado.
Mas quando toda essa dor irá virar passado?
Vejo as cartas que usei para construir o castelo dos meus sonhos. Agora estão todas jogadas nesse chão gélido.
Tento em meio as minhas lágrimas construí-lo novamente. Tudo em vão. As cartas são as mesmas, mas agora a dor é maior.
O sangue dá um colorido à imensidão, pintando as cartas e meu corpo. Nem tudo agora é negro.
Espaços vazios, foram o que restaram em uma história que nem começou.
Arranco minhas asas para descasar meu corpo mutilado, ouvindo aquela canção que um dia não foi somente minha.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A Carta do Adeus

Imaginei mil palavras pra dizer o que eu queria, o que eu sentia, o que eu pensava.
Agora com essa caneta na mão e esse pedaço de papel, simplesmente não sei colocar as palavras em ordem.
Talvez seja porque eu me acostumei a calar.
A nunca dizer o que passava por minha mente, o que dilacera meu coração.
É um contraste tão grande, entre eu e você. Sempre me indaguei o que você viu em mim.
Será que é esse meu jeito estranho de ser, de olhar o mundo com outros olhos, de trocar o dia pela noite ou simplesmente por eu comer pão com banana?
Talvez seja a minha paciência em lhe ouvir contar pela milésima vez quando você perdeu o freio da bicicleta em uma descida ingrime e ficou um mês com pés enfaixados e por isso fazia as lições escolares em casa. Ou quem sabe, é porque eu sou a única a ir pro jardim quando a chuva desaba lá fora e fico sentindo a grama molhada em meus pés e você sempre na janela gritando: "Ei minha doce criança, volte para dentro antes que o maldoso resfriado lhe pegue."
Eu não sei se estas seriam as respostas, mas eu sei bem o que vi e vejo em você.
O que vi quando lhe conheci, foi a pessoa que habitava meus sonhos. Um príncipe que construiria um castelo com todas as pompas existentes para que juntos construíssemos um belo conto de fadas. Eu lhe idealizei por anos. Glorificava suas virtudes e apagava seus erros.
Vi você com cara de bobo quando dormimos juntos pela primeira vez. Te ajudei a formar na faculdade e como presente ganhei eu EU Te Amo, pronunciando por você no microfone em plena formatura. Presenciei a sua felicidade ao conseguir a tão sonhada vaga em uma multinacional. Te vi crescer profissionalmente e até nesse exato momento vejo o quanto você é merecedor de tudo isso.
Você não gosta de tomar chuva, de escolher a cor da parede da sala, de ficar horas observando o horizonte e muito menos de pão com banana.
Mas eu te amo assim, da forma que você sempre foi. Aprendi que não podemos mudar as pessoas, principalmente pessoas importantes como você. Então parei de querer mudá-lo, ou fazer com que você compreendesse esse meu lado confuso.
Você lembra da primeira vez que você me encontrou no chão do banheiro, quase morta, e vários vidros de remédios vazios, e quando sai do hospital você perguntou o motivo de tudo aquilo?
Eu não consegui lhe explicar, até porque você só sabia dizer que fazia de tudo para sermos felizes. E que seria egoísmo da minha parte querer deixá-lo.
Bom agora posso dizer o porque daquela primeira tentativa. Talvez você não se lembre, mas na noite anterior você bebeu além da conta e me agrediu, não fisicamente, mas psicologicamente. Você disse que eu era um peso na sua vida, e que meus problemas estavam lhe afetando.
Fiquei calada, chorando e você nem viu. Então no outro dia, no fim da tarde eu resolvi deixá-lo e me deixar também. Infelizmente isso não deu certo. E ainda tive que ouvir que seria egoísmo da minha parte.
Mas como sempre me calei, até porque eu te amo, e todas as palavras grosseiras que saltam de sua boca eu tento anulá-las, mas saiba que elas sempre me machucaram. Por isso de tantas cicatrizes, cada uma é golpe desferido de sua raiva. Mas lembre-se, eu te amo.
Foi isso que deixei escrito em minha segunda tentativa, e mais uma vez eu falhei. E você cansado de tudo aquilo me deixou por 65 dias.
Nossa, foram os piores 65 dias da minha vida, até que um dia eu abri a porta e lá estava você, voltando pra mim. Daquele dia em diante eu tinha a certeza de que tudo ia mudar, afinal você havia voltado pra mim.
Tudo tinha o gosto de primeira vez. E pude ver novamente sua cara de bobo quando acordei. O conto de fadas estava reescrito até nesse inverno.
Estava tudo perfeito. Eu continuava escutando as suas histórias enquanto eu comia meu pão com banana. Mas, a uma semana atrás, eu cheguei e você não estava mais aqui. A única coisa que restou de você foi um bilhete dizendo que tudo que vivemos foi lindo, mas que infelizmente não dava mais e que você tinha encontrado outra pessoa.
Não!!!! Eu não conseguia acreditar naquilo. Te liguei inúmeras vezes meu amor, mas você não me atendeu. Por dois dias seu celular tocou ate cair na caixa postal, depois disso ele nunca mais tocou.
Ouvi inúmeras histórias contadas por seus amigos, mas nenhuma me convenceu. Tentei te achar até uma hora antes de escrever essa carta, mas não consegui nenhuma pista, nada!
Olhar para esse apartamento e não ver você fumando na janela, ou molhando todo o quarto ao sair do banho. Não escutar você cantar a nossa canção ou gritar no telefone com alguns estagiários está acabando comigo. Você levou tudo, levou suas coisas, levou meu amor, tudo, só deixou a arma que era de seu pai, que sempre ficou no fundo falso da gaveta da escrivaninha.
Agora só restaram eu, uma garrafa de vodka, seu cigarro predileto e essa arma.
Eu não quero continuar esse conto sem você, porque lhe amo demais. Queria sentir ódio de você, mas não consigo, e não quero conviver com esse amor doloroso. Por isso quero deixar registrado com minha letra trêmula o quanto lhe amei e o quanto lhe amo, e pra onde eu for eu ainda continuarei te amando.
Quando ler estas últimas palavras, tenha em sua consciência a cena de uma humana que ama alem das condições humanas, e que chora desesperadamente por alguém que jogou tudo isso fora.
A garrafa de vodka já esta na metade, o maço de cigarro esta intocável e as balas já estão na arma. Então meu eterno amado, despeço-me nesse momento gritando o que você sempre soube: EU TE AMO!!!!
Irei eternizar meu amor e assim irei me eternizar em você.
Serei a única pessoa que você jamais irá esquecer, é uma pena que seja de uma forma tão trágica. Mas como meu amor não foi capaz de fazer isso, tenho certeza que a minha morte será mais forte que ele.

De sua sempre e eterna amada.