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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O prazer de ter o que não quero

Nove e meia da noite e aquela vagabunda ainda não chegou.
Fico pensando o que ainda me atrai naquela mulher tão ordinária.
Seria a sua voz doce e sedutora que me faz arrepiar quando desferidas em meus ouvidos? Ou aquele corpo maravilhoso que parece mais uma obra de arte e de puro sensualismo que exala um sexo selvagem por todos os seus poros?
Talvez sejam esses dois itens misturados numa só mulher. Essa que me deixa puto de raiva quando vem com argumentos nada convincentes, mas que logo esqueço quando ela começa a arrancar minhas roupas.

Dez horas em ponto e ela chega, dá meia dúzia de desculpas esfarrapadas. Eu começo a xingá-la e por pouco não mato a desgraçada enforcada. Mas quando observei que ela estava para desmaiar, olhei no fundo de seus olhos e percebi que ela estava gostando daquilo. E todo o meu ódio transformou-se em puro tesão. Transamos ali mesmo no chão da sala. Enquanto ela sussurrava obscenidades em meus ouvidos, eu imaginava com quantos caras ela havia se deitado naquela semana. Mas esse pensamento desapareceu quando o ápice do meu tesão explodiu.
Mais uma vez a vejo caminhar para o banheiro rebolando aquela escultura. Acendo um cigarro e deito no sofá.
‘Amanhã mando essa vadia arrumar as malas e sumir da minha vida’.
É o que penso a mais de um ano, e no outro dia sempre desisto dessa última idéia.

- Amor, que tal vir esfregar minhas costas daquele jeito que só você sabe fazer?
Agora sei porque sempre desisto de mandá-la embora da minha vida.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Renascer!

Sentia cada gota de chuva tocando meu corpo. Meus pés deslizavam suavemente pela grama. De olhos fechados e braços abertos, eu podia sentir a minha alma ficar mais leve a cada toque suave da mãe natureza em meu corpo. Minha mente esvazia aos poucos e as batidas do meu coração tornam-se a cada segundo mais sutis.
As lembranças de uma infância em um passado distante rodeiam o habitat, dissipando juntamente com o vento.
Abro os olhos e vejo as flores dançarem em um ‘ritmo único’, ao som da chuva acompanhada do vento. Cada uma com sua beleza e tonicidade encantam meus olhos, fazendo meus lábios desenharem um belo sorriso.
Aprecio o cenário daquela tarde de outono com um olhar ingênuo. Como se toda àquela pintura fosse novidade para as minhas lembranças.

Vejo-me com dez anos de idade, correndo atrás das borboletas multicoloridas que delicadamente pousam na imensa variedade de flores. Eu me imaginava um ser alado e tentava imitar os movimentos daquela variedade de asas, enquanto as pétalas eram levadas ao longe pelo sopro do vento.
Volto ao meu corpo amadurecido que já tem a consciência de que não pode ser Alado, mas que brinca novamente de Bem-me-Quer com uma margarida. A chuva deixa as pétalas pesadas, mas não desisto da cena registrada em minha mente. O vento não pode levá-las, por isso deixo-as deslizarem pelas minhas mãos até tocarem o chão.

A noite começa pedir licença para os raios solares. È hora de despedir daquela obra-prima. Suspiro e solto um grito, uma mistura de alegria, dor e saudades. Assim deixo registrada minha presença e volto caminhando para a realidade. Carrego o meu corpo molhado e uma alma mais leve. Deixo plantada naquela terra o peso de uma existência.

Uma canção acompanha o despir de minha veste.
Com minhas asas multicoloridas abandono o casulo. Com a ajuda da natureza deixo de ser uma lagarta aprisionada para transformar-me num lindo Ser Alado.
Agora sou livre, pronta para viver uma nova vida.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Tempo.....Tempo!

Às vezes é necessário mais que 15 minutos para que você decida-se entre viver e morrer. E o relógio não para, assim como minha a vida lá fora.
Imagens tumultuam minha mente e num ato de desespero jogo tudo que está em cima da mesa no chão. O enfeite que minha mãe me deu no último natal se desfez em milhares de pedaços. Ajoelho no chão num choro compulsivo tentando encaixar o que não tem mais conserto. Aquele enfeite era a última lembrança dela que restava na casa e agora ele estava exatamente como me sinto, em milhares de pedacinhos jogados no chão frio.
A dor causada pelos cacos rasgando minha pele não me incomodam, aliás, há tantas cicatrizes pelo meu corpo causadas por mim mesma. Eu não lembro como surgiu a primeira, mas me lembro das últimas. O sangue escorreu pelos meus braços nesta última madrugada, sentada num banco de uma praça deserta. Agora penso que aquele pode ter sido meu último vestígio. E se não for, o que me reserva o amanhã?

Se eu estiver aqui amanhã, será que eu serei melhor do que ontem? Será que a chuva irá cessar e o sol aparecerá para dar vida a este cubículo?
Aqui tem cheiro de morte, enquanto lá fora tem cheiro de genocídio. Alguma diferença?
Quem perceberá que o cubículo de numero 133 poderá estar vazio amanhã? Fará alguma diferença?

Se alguém ligasse agora talvez eu mudasse momentaneamente meu pensamento, mas nem telefone tenho, cortaram a linha a mais de um ano por falta de pagamento. Meu interfone está estragado a mais de um mês, por conta desses pivetes eloqüentes. Mas não faz diferença. O que importa é que preciso de mais 15 minutos, contados a partir de agora.