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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A Carta do Adeus

Imaginei mil palavras pra dizer o que eu queria, o que eu sentia, o que eu pensava.
Agora com essa caneta na mão e esse pedaço de papel, simplesmente não sei colocar as palavras em ordem.
Talvez seja porque eu me acostumei a calar.
A nunca dizer o que passava por minha mente, o que dilacera meu coração.
É um contraste tão grande, entre eu e você. Sempre me indaguei o que você viu em mim.
Será que é esse meu jeito estranho de ser, de olhar o mundo com outros olhos, de trocar o dia pela noite ou simplesmente por eu comer pão com banana?
Talvez seja a minha paciência em lhe ouvir contar pela milésima vez quando você perdeu o freio da bicicleta em uma descida ingrime e ficou um mês com pés enfaixados e por isso fazia as lições escolares em casa. Ou quem sabe, é porque eu sou a única a ir pro jardim quando a chuva desaba lá fora e fico sentindo a grama molhada em meus pés e você sempre na janela gritando: "Ei minha doce criança, volte para dentro antes que o maldoso resfriado lhe pegue."
Eu não sei se estas seriam as respostas, mas eu sei bem o que vi e vejo em você.
O que vi quando lhe conheci, foi a pessoa que habitava meus sonhos. Um príncipe que construiria um castelo com todas as pompas existentes para que juntos construíssemos um belo conto de fadas. Eu lhe idealizei por anos. Glorificava suas virtudes e apagava seus erros.
Vi você com cara de bobo quando dormimos juntos pela primeira vez. Te ajudei a formar na faculdade e como presente ganhei eu EU Te Amo, pronunciando por você no microfone em plena formatura. Presenciei a sua felicidade ao conseguir a tão sonhada vaga em uma multinacional. Te vi crescer profissionalmente e até nesse exato momento vejo o quanto você é merecedor de tudo isso.
Você não gosta de tomar chuva, de escolher a cor da parede da sala, de ficar horas observando o horizonte e muito menos de pão com banana.
Mas eu te amo assim, da forma que você sempre foi. Aprendi que não podemos mudar as pessoas, principalmente pessoas importantes como você. Então parei de querer mudá-lo, ou fazer com que você compreendesse esse meu lado confuso.
Você lembra da primeira vez que você me encontrou no chão do banheiro, quase morta, e vários vidros de remédios vazios, e quando sai do hospital você perguntou o motivo de tudo aquilo?
Eu não consegui lhe explicar, até porque você só sabia dizer que fazia de tudo para sermos felizes. E que seria egoísmo da minha parte querer deixá-lo.
Bom agora posso dizer o porque daquela primeira tentativa. Talvez você não se lembre, mas na noite anterior você bebeu além da conta e me agrediu, não fisicamente, mas psicologicamente. Você disse que eu era um peso na sua vida, e que meus problemas estavam lhe afetando.
Fiquei calada, chorando e você nem viu. Então no outro dia, no fim da tarde eu resolvi deixá-lo e me deixar também. Infelizmente isso não deu certo. E ainda tive que ouvir que seria egoísmo da minha parte.
Mas como sempre me calei, até porque eu te amo, e todas as palavras grosseiras que saltam de sua boca eu tento anulá-las, mas saiba que elas sempre me machucaram. Por isso de tantas cicatrizes, cada uma é golpe desferido de sua raiva. Mas lembre-se, eu te amo.
Foi isso que deixei escrito em minha segunda tentativa, e mais uma vez eu falhei. E você cansado de tudo aquilo me deixou por 65 dias.
Nossa, foram os piores 65 dias da minha vida, até que um dia eu abri a porta e lá estava você, voltando pra mim. Daquele dia em diante eu tinha a certeza de que tudo ia mudar, afinal você havia voltado pra mim.
Tudo tinha o gosto de primeira vez. E pude ver novamente sua cara de bobo quando acordei. O conto de fadas estava reescrito até nesse inverno.
Estava tudo perfeito. Eu continuava escutando as suas histórias enquanto eu comia meu pão com banana. Mas, a uma semana atrás, eu cheguei e você não estava mais aqui. A única coisa que restou de você foi um bilhete dizendo que tudo que vivemos foi lindo, mas que infelizmente não dava mais e que você tinha encontrado outra pessoa.
Não!!!! Eu não conseguia acreditar naquilo. Te liguei inúmeras vezes meu amor, mas você não me atendeu. Por dois dias seu celular tocou ate cair na caixa postal, depois disso ele nunca mais tocou.
Ouvi inúmeras histórias contadas por seus amigos, mas nenhuma me convenceu. Tentei te achar até uma hora antes de escrever essa carta, mas não consegui nenhuma pista, nada!
Olhar para esse apartamento e não ver você fumando na janela, ou molhando todo o quarto ao sair do banho. Não escutar você cantar a nossa canção ou gritar no telefone com alguns estagiários está acabando comigo. Você levou tudo, levou suas coisas, levou meu amor, tudo, só deixou a arma que era de seu pai, que sempre ficou no fundo falso da gaveta da escrivaninha.
Agora só restaram eu, uma garrafa de vodka, seu cigarro predileto e essa arma.
Eu não quero continuar esse conto sem você, porque lhe amo demais. Queria sentir ódio de você, mas não consigo, e não quero conviver com esse amor doloroso. Por isso quero deixar registrado com minha letra trêmula o quanto lhe amei e o quanto lhe amo, e pra onde eu for eu ainda continuarei te amando.
Quando ler estas últimas palavras, tenha em sua consciência a cena de uma humana que ama alem das condições humanas, e que chora desesperadamente por alguém que jogou tudo isso fora.
A garrafa de vodka já esta na metade, o maço de cigarro esta intocável e as balas já estão na arma. Então meu eterno amado, despeço-me nesse momento gritando o que você sempre soube: EU TE AMO!!!!
Irei eternizar meu amor e assim irei me eternizar em você.
Serei a única pessoa que você jamais irá esquecer, é uma pena que seja de uma forma tão trágica. Mas como meu amor não foi capaz de fazer isso, tenho certeza que a minha morte será mais forte que ele.

De sua sempre e eterna amada.

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá...

O que posso dizer, a palavras estão tão fortes nesse post que assustam, momentos de clareza de pensamentos que nos atem sempre. Fabuloso.
Adorei seu blog, já vou adicionar aos favoritos para que possa voltar mais vezes.

Tenha um bom dia.

Unknown disse...

O que seria real ou irreal nesse conto?

Pq eu tenho O DOM pra desgraçar as vidas das pessoas... machucar a pessoas q mais amo...

Pq vc tem esse DOM LINDO de fazer eu me emocionar... sentir cada palavra q vc diz... cada palavra... frase...

Pq amar é complicado, alias, pq o SILENCIO é complicado e machuca. O SILENCIO acaba ferindo os outros e a si mesmo...

bjoz, te amo... my true angel...

Daniela Andrade disse...

vou deixar pra comentar esse post pessoalmente. pode ser?

te amo, linda lynn. vai preparando a massa de pão de queijo, qualquer dia desse eu tou chegando.

;)

kati, para os íntimos disse...

sem o que dizer...

como o hugo
o que é real e não?

espero q nada seja real

kati, para os íntimos disse...

é por isso q eu vivo dizendo
vem pra cá
aki é maneiro

ai linda
saudades demais
meu coração ta apertadinho com seu sofrimento
olha
quero voltar a ser criança contigo sim

amo-teeee!!!

Anônimo disse...

Por que veio na minha mente a seguinte frase?
"Só damos valor quando perdemos"

E porque o ser humano só lembra das pessoas quando essas nos marcam de forma tragica?

Espero que você não marque ninguem assim minha pequena.

lhe amo

Unknown disse...

"Por que veio na minha mente a seguinte frase?
'Só damos valor quando perdemos'" [2]

Vc já sabe minha opinião sobre esse assunto.

Te adoro, Dany.
Bjos