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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Madrugadas

Eu tenho medo de olhar para os lados. Mas mesmo não querendo ver, sinto todos eles.
Ela com seu vestido manchado de sangue, às vezes com uma pureza no rosto, às vezes com um ódio que suga as minhas forças.
Ela senta na cama e fica balançando o tronco. Quando se irrita, começa andar de um lado para o outro.
E para me assustar ela pára do meu lado. Eu consigo sentir sua 'respiração' gélida em meu rosto.
Ela sussurra algumas palavras em meu ouvido. Sinto o meu coração descompassar. Fecho os olhos e penso que aquilo não é real. Mas ao abri-los tenho a imagem infernal do medo, ódio e vazio.
O quarto não tem o calor do dia para afastar esse ar gelado. E nem o barulho dos carros, das construções para abafar esse grito ensurdecedor.
Queria que ela desaparecesse. Deixasse de me atormentar. Mas não! Eu me vejo nela, por que disso?
Ela sangra e diz que tudo logo acabará. Mas o que acabará???
Tento retirar respostas dela, mas ela nunca é específica. Sinto que ela quer me levar ao desespero total. Uma hora ela conseguirá e estarei no mesmo mundo em que ela e os outros habitam.

Escuto outro grito. Quem é esse garoto com expressão de dor que deita na minha cama e se contorce de dor?
A expressão de dor dele diz muito. Ele leva as mãos na altura do estômago e grita.
Seus gritos dizem mais do que as palavras da garota com o vestido branco manchado de sangue.
Mas não quero ele na minha cama, nem ouvir seus gritos.
Eles não deveriam estar aqui. Ou será minha mente produzindo tudo isso?
Não!!! É tudo muito real ou seria irreal???
Levo as mãos à cabeça, num ato de desespero. Fecho os olhos e começo a chorar. Peço que tudo aquilo termine logo. Cenas que não pertencem à minha memória invadem a minha mente.
Eu preciso acabar com tudo isso.
Abro os olhos com a certeza que tudo acabará naquele exato segundo.
A calmaria da madrugada invade meus ouvidos. Olho pelos quatro cantos do quarto, não há nada, nem ninguém.
Suspiro aliviada. Era tudo imaginário.

Quase 3 da manhã. Preciso apenas descansar. Talvez o cansaço esteja projetando tais cenas em minha mente.
Viajo um pouco em sonhos criados por mim. Somente assim consigo adormecer logo. Escuto as badaladas do relógio pré-histórico que fica na sala principal. Viro pro lado com a certeza de que logo terei que estar na rua à caminho do trabalho.

Um rosto. Um grito!

E ainda me perguntam o por quê das minhas olheiras!

4 comentários:

Daniela Andrade disse...

eu acho os teus finais incríveis, sabia? você consegue imprimir humor num texto tão denso e carregado, isso me encanta!

você é maravilhosa, linda lynn!

blog atualizado.

Dani

=****

Anônimo disse...

O unico que pode habitar suas madrugadas sou eu ¬¬

Ah, deixa eu cantar uma canção de ninar pra vc

te amo minha pequena

Anônimo disse...

"Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade... tinhamos a idéia mas vc mudou os planos... tínhamos um plano vc mudou idéia!
Já passou! Já passou! Quem sabe outro dia aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Minha larajeira verde, pq está tão pratiada!!!!!!!!! foi a lua dessa noite ou sereno da madrugada?
Tenho um sorrido bobo, parecido com soluço, quando o caos segue em frente
com toda a calma do mundo!


Pequena
escrevi esse trecho do legião
pq eu achei sua cara
e a cara do q vc escreveu
e a cara do que passamos juntas!

do que somos!

Unknown disse...

Finalmente estou de volta aos seus comentários.
Entendo muito bem como vc se sente, Dany... Vc sabe que sei. Esses desocupados fazem o possível p/ nos levar a loucura. Felizmente eles não me enchem mais o saco com tanta frequência agora.
Fico aqui torcendo e rezando p/ que vc encontre sua paz o mais rápido possível.
Adoro vc, Dany.