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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Loucura...Apenas um Grito!

Ela acordou assustada, sem saber o que havia acontecido.
Palavras, imagens, gestos, pessoas, choro, dor, remédios. Era tudo um emaranhado de situações incompletas em sua mente, que ela tentava de forma rápida juntar tudo para saber o porque ela estava ali naquela situação.
Com as mãos e os pés amarrados naquela maca, ela só podia sentir a dor insuportável em seus pulsos, principalmente no direito onde um cateter estava alimentando suas veias com a substância que ela já conhecia.
Sem forças, ela mal conseguiu pedir pra alguém desamarrá-la, mas aquela pessoa a ignorou, como outras várias o fizeram. Ela não podia se mexer mais, porque a dor tornara-se mais do que insuportável.
O cheiro de morte e loucura era nítido naquele lugar. O que ela fazia ali???
Seu instinto de defesa só lhe disse uma única vez: 'Só sobrevive nessa selva os animais mais espertos.'
Lógico, ela era presa fácil ali. Se debatendo, fazendo barulhos era chamar a atenção do s animais vorazes.

Quando a frágil 'presa' estava prestes a desmaiar, algum ser de "bom" coração resolveu lhe dar atenção.
- Vejo que acordou dos longos dias de irrealidade.
- Poderia ter a bondade de me desamarrar, meu pulsos doem...sinto minhas mãos inchadas e um grande desconforto. Quero ir ao banheiro, se possível ate tomar um banho.
- Farei isso se me prometer que irá se comportar com uma boa garotinha. Lembre-se, que você é fraca, quase inerte, enquanto nós somos o poder. Qualquer que seja seu pensamento ou ato contra nossas normas, você volta para esse estágio deplorável que se encontra. Estamos estendidos?
O olhar dele era tão frio que ela não conseguiu pronunciar um SIM, por isso balançou afirmativamente a cabeça.
Quando o 'coração gélido' desamarrou as suas mãos, ela pode ver a gravidade da sua dor. Suas mãos estavam o quádruplo do tamanho normal e roxas. 'Por pouco não perco as mão que dão vida à um piano'.
- Pronto, agora aguarde aqui que irão trazer-lhe componentes para que você tome um banho, aliás a precisão disso é nítida.
- Obrigada. O senhor é médico? É que não consigo me lembrar de como cheguei aqui, ou melhor, o por que estou aqui. Tudo está muito confuso.
- Não importa o que eu seja, aqui não. E não se preocupe quanto ao fato de como e porque você está aqui. Afinal, todos dizem isso mesmo.
Antes que ela pronunciasse mais alguma palavra ele virou as costas e disse apenas " Não esqueça, estamos de olho".
Alguns minutos depois veio uma mulher e lhe entregou os 'componentes' e a levou ate o banheiro.
Nada muito agradável, mas era um banheiro limpo, com vários chuveiros e vários lavabos, isso separados dos vasos sanitários por uma longa parede.
Enquanto ela se banhava, a mulher com olhar ríspido e postura militar aguardava na porta do 'banheiro coletivo' (ela ficou sabendo tal nome alguns dias depois). Não dialogou uma palavra não ser o "acabou?" e entregou uma roupa que parecia mais um pijama de dias de inverno na tonalidade azul claro. Ela vestiu sem questionar, mas as perguntas não iriam sumir assim do nada de sua mente.
- Olha sei que a senhora deve ser orientada para não falar nada, ou algo do tipo. Mas eu preciso saber que lugar é esse. Como vim parar aqui. Até quando ficarei. Quero telefonar para meu irmão, ele resolverá tudo, questões financeiros e burocráticos.
- Você pergunta demais como todas. Então vou responder como respondo a todas: amanha vá até a diretoria e pergunte. Agora me acompanhe até seu quarto. As normais são simples porem com uma única regra: não infringí-las. Você ficará com mais 3 garotas, então nada de brigas. As 22 horas todas devem estar em suas camas. Só se você estiver a fim de infringir esta regra, mas eu não lhe aconselharia. As refeições são servidas sempre, pontualmente, às 9 da manha, às 12:00 horas, às 3 da tarde, às 7 da noite e depois às 9 da noite. As suas acompanhantes de quarto sabem o caminho, é só acompanhá-las. Quanto a sua medicação, assim que sair a lista certinha vou te passar o local e horários parar que você vá toma-los. Alguma pergunta?
- Medicamentos? Como assim? Não, eu preciso ligar pra alguém. Eu nem sei onde estou.
- Pense no seu passado e você verá se não deveria estar aqui agora.
Aquela mulher com ares militares nem deixou ela abrir a boca, foi logo colocando algumas coisas em cima de uma cama beliche e apresentando as suas companheiras de quarto.
- As que estam aqui a algum tempo, lembrem-se nada de badernas e conversinhas, e sejam sociais com a nova colega de vocês. Amanhã leve-a ao refeitório e mostre o que realmente interessa.
Fechou a porta com a mesma sensibilidade que abriu, e ela ficou olhando para aquele quarto, para aqueles três pares de olhos curiosos que tinham muito a perguntar, mas será que algum deles teriam as respostas que ela procurava?

6 comentários:

Daniela Andrade disse...

me lembrou "bicho de sete cabeças".

tou com dores novas, lynn. mas o fato de te ver aqui sarou uma dorzinha velha.

te cuida, te cuida bem. ainda temos que nos ver, lembra?

=***

Anônimo disse...

Bem lembrado o comentario da daniela.
Tb associei ao filme. Mas sei que isso é mais real que um filme pra vc pequena.
Mas um filme que não retornará, que ninguem irá assisti-lo novamente.

Se cuida como alguem que cuida de um bem precioso.

Saudades do pao de queijo...:-)

te amo

Daniela Andrade disse...

me lembrei de uma coisa agora...tava relendo o "no terapeuta", no meu blog, e teu comentário..."quem vai desligar meus aparelhos?"

ainda bem que ninguém o fez. ainda bem que você está viva. e nada de morte em vida pra nós. só na literatura. só no que pode ser.

=**

Unknown disse...

Como bem sabes, nunca passei por uma situação dessas. Mas lendo seu texto, comecei a pensar em certas coisas... Fiquei pensando no quanto estamos presos a correntes que nós mesmos aceitamos que fossem colocadas. Claro, para sobreviver precisamos nos acorrentar um pouco por algum tempo que seja. O problema é quando ficar com as correntes se torna cômodo demais para se livrar delas mais tarde, o que acontece em 99,999999999% dos casos.
O engraçado é que falamos nessas coisas como se nós próprios não estivéssemos presos a nossas correntes pessoais.
E mais engraçado ainda é eu não me sentir culpado por ser tão hipócrita. Afinal, a hipocrisia é inata ao ser humano.
Acho que estou divagando demais, não é? Só quero dizer uma coisa: Viva a hipocrisia!

Bjos, danone!
Te adoro

Anônimo disse...

Linda
Puta merda
sei o que vc passou
sei o que é essa situação e a essa gente que não se respeita!

Sinto
e sinto demais
Meu anjo
não deixa nunca mais eles aprisionarem suas asas ok!?

te amo
sempre

Daniela Andrade disse...

você é sempre bem-vinda à minha vida, linda lynn. é só chegar e se espalhar!

amo-te!