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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Alice, por Oscar Mendes



Novamente Alice desperta, dessa vez sem ouvir o melódico (e metódico) balançar irritante de chaves do vizinho.
Os remédios a tinham anestesiado, o aumento da dosagem por conta própria parecia ter sido uma boa ideia, mas os berros das insuportáveis crianças fazem-na abrir os olhos.
Estende a mão e apanha um cilindro cancerígeno, único amigo há semanas.
Assim que o acende sua mente inicia o processo vertiginoso de lembranças e conjecturas.
Qual seria o fim daquilo tudo? Valia a pena prosseguir? Até quando suportaria aquele vazio?
Crianças terríveis, insuportáveis, malditas, mal a deixavam pensar.
Mas como seria sua vida, por exemplo, caso tivesse um filho?
Menos vazia? Talvez com algum propósito? Mais responsável?
Por que considerar essa possibilidade se Alice mal cuidava de si mesma?

*Texto escrito por Oscar Mendes especialmente para meu blog

Um comentário:

Oscar Mendes Filho disse...

Foi um prazer participar do mundo de Alice.