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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Presente Retorcido

Minha querida irmã,


Hoje acordei com uma imensa vontade de lhe escrever. Sei que estou em falta contigo a muito tempo. As visitas ficaram escassas e as cartas foram diminuindo com a mesma freqüência, mas sei que tudo isso não mudou sua rotina. Você tem o Antônio e seus dois príncipes para preencher seus dias, fora seu trabalho que é magnífico e os deveres de uma dona de casa.
Não pense que estou a reclamar, ou que eu esteja cobrando algumas visitas e cartas sem precisar da minha presença por meio destas duas. Não é isso, afinal nunca lhe cobrei nada desde que nos separamos. Você foi pra Flórida casar e constituir família e eu fiquei aqui com o destino que escolhi pra mim.
O motivo dessa carta, entre vários sentimentos, é a imensa saudade que bate a minha porta todos os dias, trazendo lembranças de um tempo que não retorna mais.

Durante essa semana retirei as velhas fotos do antigo baú que era de nossa mãe e você recusou a levar para sua nova casa. Cada imagem retratada em papeis fotográficos, amarelados pelo tempo trazia de volta à minha mente filmes longos acompanhados de risadas ou lágrimas.
As que mais tomaram meu tempo foram a do seu aniversario de 15 anos. Seu vestido era lindo para aquela época. Você toda sorridente e papai e mamãe todos orgulhosos. A imagem de seu vestido rodopiando na valsa parecia ter vida. Foi quando você conheceu Antônio lembra? Ah que pergunta idiota!
Quem diria que aquele rapaz tímido iria lhe levar ate ao altar, te roubar de mim e ajudar a presentear-me com dois lindos sobrinhos.

Queria ter algumas cópias do dia do seu casamento, mas você nunca as mandou, mas tudo bem sei que tens uma vida corrida. As melhores lembranças tenho guardadas em minha mente. Nossas idas e vindas da escola, os bailes, os namoradinhos e até nossas brigas.

Sei bem que você mal deve ter duas fotos minhas aí, por isso estou enviando uma juntamente com essa carta. Gostaria que você a colocasse em cima da lareira, é apenas um pedido de irmã. É a foto mais significativa pra mim, porque foi a última que tiramos, eu, você, mamãe e papai juntos, e está é única minha irmã, porque retrata o que um dia fomos: uma família!


De sua irmã querida!

5 comentários:

Daniela Andrade disse...

o texto tem um tom ácido que, sem atenção, quase não dá pra perceber...é sutil.

coisas da distância. coisas da ausência. coisas do esquecimento.

hey, saudade.
te amo.

Dani.

Anônimo disse...

Um tapa com luva de pilico. Assim descrevo esse post.

Parabéns.

Anônimo disse...

Estou em falta contigo né pequena??
Malditas distâncias.
Bom, mas depois do sutil puxão de orelha que vc me deu, aqui estou eu;

O que dizer de palavras que tentam transparecer um sentimento que somente quem escreve sabe seu significado?
Resta apenas, para nós admiradores soltar a imaginação como sempre e viajar nessas palavras, que dizem muito.

Vc é encantadora e este espaço é exatamente como tu és.

Amo tu pekena.
beijão!!

Unknown disse...

Se você soubesse o quanto isso se aplica à minha vida, danone... Você já sabe boa parte, mas tem muito mais... Adoro o tom do texto. Quase não se percebe o acidez, que é tão corrosiva ao máximo!
Obrigado por nos presentear com seus sempre maravilhosos textos, danone! :D

Beijos!

Katiusca Demetino disse...

linda
que tenho a dizer?!
eu perco as palavras...